quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

A realidade no ensino da EJA

Existe uma distinção nas classes da EJA, entre os jovens e adultos que frequentam as mesmas salas de aula. “O aluno jovem está mais ligado em atividades de trabalho e lazer mais relacionadas com a sociedade letrada, escolarizada e urbana. Enquanto o adulto traz consigo conhecimentos acumulados e reflexões sobre o mundo externo, sobre si mesmo e sobre as outras pessoas”.( OLIVEIRA, 1999) O grupo no EJA é muito heterogêneo. Eles têm mais facilidades de se expressar oralmente, mas na linguagem escrita têm muitas dificuldades. O aluno jovem tem a linguagem mais voltada para a gíria e um pensamento abstrato pouco desenvolvido. O aluno adulto tem uma linguagem mais tradicional, mais rica, por causa de suas vivências e experiências. Tem o pensamento abstrato mais desenvolvido. “Algumas concepções dos alunos da EJA se tornam, até mesmo, impedimentos para a apropriação dos conteúdos escolares. Muitos, por não se distanciarem da realidade vivida, não conseguem interpretar, recontando textos conforme o seu ponto de vista, modificando a história ao sabor de suas experiências e valores; sem distinguir o que está escrito do que ele pensa sobre o que está escrito. Eles interpretam o mundo a partir da sua “concretude”, ou seja, de se mostrarem extremamente implicados em seus contextos, dificultando, assim, a apropriação dos conteúdos escolares que, sendo de origem científica, lidam com conceitos e representações historicamente construídos e direcionam o pensamento rumo ao abstrato.”( COMERLATO,1998) Quando refletimos como estes jovens e adultos pensam e aprendem devemos levar em consideração que estas pessoas não são crianças, são os excluídos da escola e são membros de determinados grupos sociais.” É preciso que a educação esteja – em seu conteúdo, em seus programas e em seus métodos – adaptada ao fim que se persegue: permitir ao homem chegar a ser sujeito, construir-se como pessoa, transformar o mundo, estabelecer com os outros homens relações de reciprocidade, fazer a cultura e a história”.(FREIRE,1979)
Os interesses são diferentes causando conflito de opiniões, pois tanto o jovem quanto o adulto buscam o ensino com objetivos diferentes. Apesar do adulto ter mais dificuldades na aprendizagem, estas são superadas na medida em que o mesmo tem maior comprometimento, apresentando diferentes habilidades e tendo consciência de sua limitações. O pensamento dos adultos é de crescimento pessoal e profissional. Eles querem mais oportunidades, melhorar a vida dos filhos e poder concorrer com a população por um emprego melhor. Já o jovem tem o pensamento mais momentâneo. Eles querem terminar logo o estudo para se livrar" dessa obrigação. O jovem ainda não tem família para sustentar, então às preocupações são outras. Eles querem o diploma para conseguir ingressar no mercado de trabalho.

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