terça-feira, 30 de dezembro de 2008

A escola, os conflitos e a relação professor-aluno

A escola é um espaço onde acontece à construção de valores e atitudes que norteiam as relações interpessoais e intermedeiam o contato do aluno com o objeto de conhecimento. É imprescindível, nesse processo que valoriza o aprender contínuo e a troca constante entre aluno-aluno, aluno-professor e professor-aluno, uma postura de trabalho que considera a cooperação, o respeito mútuo, a tomada de consciência, a persistência, o empenho e a prontidão para superar desafios, ampliando suas potencialidades.
Segundo Piaget, “o sujeito é ativo na sua essência, e sua inteligência se constrói nas relações com o objeto do meio físico e social”.
Cada pessoa aprende da sua maneira, do seu jeito e nós professores devemos respeitar cada jeito de ser. A educação é um processo que se dá no mundo de convivência e ao mesmo tempo no interior do indivíduo. Nós professores devemos propiciar um clima harmonioso de trabalho, valorizando a construção de vínculos afetivos e o respeito à individualidade, fazendo com que o aluno tenha confiança em suas capacidades cognitiva, afetiva, ética e social para agir com perseverança na busca do conhecimento e no exercício da cidadania. Cabe salientar que é bastante comum mudança de comportamento em uma determinada pessoa, conforme a fase da vida em que se encontra. Geralmente os maiores conflitos surgem na fase da adolescência. Segundo Erikson, “é na fase da adolescência que se discutem todas as uniformidades e continuidades que marcam a personalidade”.
Estaria mentindo ao afirmar que minha escola é tudo isso que acabei de escrever, mas dentro do possível, vejo alguns profissionais lutando para que isso aconteça. Os conflitos entre professor-aluno acontecem, diariamente na minha escola, são os conflitos típicos, a falta de interesse por parte do aluno incomoda muito os professores, fazendo-o perder a paciência e o controle da situação. Dentro da sala de aula, cada professor tem sua maneira de dar aula. Observo na minha escola professores tradicionais, com pensamento formal, conservadores, afetuosos, desafiadores e acomodados.
A interação aluno-professor ocorre através da troca de experiências gerando ensino e aprendizagem recíproca. Uma pessoa adulta que ao longo de sua vida vem adquirindo conhecimentos através de experiências vividas, a aprendizagem passa a ser somática, pois este indivíduo já é letrado, ele participa de grupos sociais, sua personalidade já está formada, com isso a troca entre professor-aluno é importante.
Tenho muitos desafios, alfabetizar alunos de inclusão. Um em específico que já esta pela segunda vez comigo. Ele tem alem de microcefalia, outras doenças e está defasado dois anos. É uma tarefa que exige muita criatividade para desenvolver algumas atividades que possibilitem seu progresso ou superação, sempre respeitando seus limites. Trabalho diariamente com meus alunos, o respeito, a colaboração, a aceitação das diferenças e das limitações de cada um.
Fala-se muito em inclusão, e, apesar desse termo estar em moda o professor não recebe a capacitação adequada para avaliar esses alunos diferentes de maneira justa e adequada.
O relacionamento professor-aluno é atravessado por sentimentos de amor e ódio. Estes sentimentos sempre irão provocar uma resposta consciente ou inconsciente. O professor pode tomar diferentes atitudes diante desses afetos: retribuir ou não, fingir não percebê-los, atitudes das mais ou menos adequadas. Como diz Paulo Freire: “não há educação sem amor”.

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